Engenheiro Salvador Arena

Engenheiro Salvador Arena em seu escritóio da década de 1970

Filho único de pais italianos – Nicola Arena e Giuditta Patessio Arena, Salvador Arena nasceu em Trípoli, capital da Líbia, em 12 de janeiro de 1915, quando a cidade ainda era possessão italiana. Tinha 5 anos quando a família chegou a São Paulo. Os pais instalaram-se na Vila Prudente, bairro da zona leste da cidade, habitado predominantemente por imigrantes italianos, e moravam numa espécie de chácara, onde ele manipulava peças e máquinas, instigado pelo pai, que processava sucata de metais em uma oficina mecânica de sua propriedade.

Fabricava velas que vendia nas procissões, completando o orçamento da família, e iniciou os estudos formais aos 10 anos de idade, por orientação de um padre, amigo da família. Demonstrou um desempenho escolar excepcional, e em 1936, aos 21 anos, formou-se engenheiro civil na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Formado, começou a trabalhar na Light, seu primeiro emprego formal, em 1937, onde trabalhou com o engenheiro Billings.

Engenheiro Salvador Arena recebendo o título de cidadão são-bernardense em 1971

Em 1942, com a indenização de 200 dólares que recebeu de seu emprego na Light, fundou a Termomecanica. Nos primeiros anos, a produção no galpão localizado na Mooca era destinada à construção de fornos e equipamentos de padaria. Até então, não havia fornos elétricos no Brasil, e o pioneirismo de Salvador Arena foi um sucesso. As poucas máquinas e equipamentos importados despertaram a criatividade de Salvador Arena, que passou a fabricar novos modelos. A Termomecanica começou a fabricar fornos de revenimento, utilizados no tratamento térmico de metais e, com o tempo, também ventiladores, maçaricos, trefilas, fornos de fundição, prensas e uma longa lista que se seguiu.

Aos poucos, a produção cresceu, o galpão na Mooca começou a ficar apertado, e Salvador Arena começou a planejar a expansão, escolhendo a região a dedo: uma área rural no chamado bairro dos Meninos, hoje Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo, onde então só havia chácaras e sítios. Os novos pavilhões eram construídos um a um, e em 1957, Arena conseguiu concentrar todas as atividades na nova fábrica, mais iluminada e mais arejada.

Engenheiro Salvador Arena recebendo o Prêmio de Engenheiro do Ano em 1975

Com o tempo, o rápido desenvolvimento da região fez com que a cidade crescesse de forma desordenada e sem estrutura para acomodar um número tão grande de pessoas. Salvador Arena mandou fazer um levantamento das condições dos moradores dessa região, e a partir de então, desenvolveu diversas ações. Distribuía, por exemplo, uma sopa com alto teor protético, preparada no próprio restaurante de Termomecanica, segundo os mesmos padrões de higiene e qualidade adotados para os funcionários da empresa. As crianças recebiam uniformes escolares. Mandava panetones e outros presentes de fim de ano. As ações sociais na região de São Bernardo do Campo estão na origem da criação da Fundação Salvador Arena, instituída em 1964.

Desde sua instituição, a Fundação Salvador Arena atua nas áreas de saúde, educação, assistência social e habitação, mas a educação sempre foi, para Salvador Arena, a melhor forma de transformar efetivamente a realidade do país, e seu esforço de reflexão sobre a questão da educação na elaboração de uma proposta de um novo modelo de ensino. Junto a uma resultou equipe formada por educadores, que ele contratou especialmente para esse fim, preparou um livro chamado Ensino, sintetizando suas ideias sobre o assunto e alertando as autoridades sobre as deficiências do sistema educacional brasileiro. Propunha que o novo modelo fosse adotado no país inteiro, mas não conseguiu o apoio necessário. Em 1989, inaugurou ele próprio o então Colégio Termomecanica, hoje denominado Colégio Engenheiro Salvador Arena.

Salvador Arena faleceu em janeiro de 1998, aos 83, mas seu legado teve continuidade sob os cuidados do Conselho Curador, que não só manteve, mas expandiu todos os seus projetos. No testamento, lavrado em 1991, instituiu a Fundação como herdeira universal de todo o seu patrimônio. Deixou prescrições expressas nos estatutos de que a Fundação deveria “cooperar e envidar os esforços possíveis para a solução dos problemas de educação e assistência e proteção aos necessitados, sem distinção de nacionalidade, raça, sexo, cor, religião ou opiniões políticas em caráter geral”.